Para a frente

Dou por mim a olhar para atrás. Não uma vez, como estaríamos a pensar naquela logo imediata ao acontecido, mas umas mil de cada vez que oiço algum som que me leva atrás dois anos, ou duas horas. Umas mil vezes desde que as horas passam até que o tique-taque passa a ser mais longo, nas horas de maior sufoco. 
E depois são aromas. Daqueles que despoletam uma série de reações corporais de arrependimento ou até saudade, nunca ambos. Chegam a ser demorados esses aromas, costumam tramar-me e deixar-me num beco sem saída. 
É como se não soubesse explicar, nem por aqui nem por acolá as coisas que me passam na cabeça. Tenho dificuldades de expressão e digo tudo numa linguagem muito própria, estendível ao nível mais complexo dos existentes. 
Chego a ter medo de não ser compreendido. 
E é aí que volto a olhar para a frente.

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