Há sempre dois lados

"Há sempre dois lados."
Dito isto, temos todos os leitores a pensar no esquerdo e no direito e a chamarem-me idiota porque os levei a pensarem nisso.
Numa longa viagem percebemos que o irregular deixa marcas e é quase sempre mais recordado que o banal, ou não fosse o mundo como é. Damos por nós a dar importância a coisas que já estão mais claras que o albúmen do ovo e esquecemos a verdadeira pergunta, a que nem sequer é levantada mas que sempre existe. O que também existe, mas só depois, é uma angústia resultante da soma de uma constante interrogação a uma indubitável incerteza.
Assim, numa de direitas e esquerdas há o lado menor e o maior, o bem e o mal... de pessoas capazes de completar esta simples sequência está o mundo cheio, não duvido, mas poucas são as que se debruçam sobre a questão, a que ainda não foi levantada desde o início desta escrita.
Tentados a chegar a uma resposta para a qual nenhuma pergunta foi feita, sentimo-nos tentados a inclinar a cabeça para a direita e para a esquerda quase que em sentido negativo. Não há nada a temer ainda.
Resultado desta divisão de perguntas, eis que a pergunta-mor surge, não que fosse levantada mas que se quer saber a sua resposta, isso sim! E que a curiosidade matou o gato lá isso matou, mas ninguém quer saber agora. O que as pessoas querem saber é para que lado fugir quando o sol não raiar de manhã. E chegados ao cerne da questão o vulgar humano responde, num mau humor matinal quase desgraçado: "Há sempre dois lados."

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